Luto
- fermanabe

- 2 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
[subst. masculino] Profundo pesar causado pela morte de alguém. Sentimento gerado por perdas como separação, partidas ou rompimentos.
13.01.2021 - Acredito que, por motivos de morte física, esse seja o terceiro luto que estou vivendo.
Depois de sete meses, eu deixei de ter a sensação de que minha avó ainda está no hospital e que "um dia ela vai voltar para casa recuperada" de todas as dores e amarguras que carregava antes, em todos esses 73 anos de vida. Tamanha força e resistência que essa mulher representa para toda a família...
Não que eu estivesse fazendo alguma contagem de tempo. Mas, foi só agora nesse mês {fevereiro} que me veio à percepção de que eu estava de luto somente pela minha avó. A ficha finalmente caiu.
Não vou mais saborear a comida dela, com o tempero dela. Não vou mais receber perguntas de como mexer no celular ou no controle da televisão. Não vou mais receber e presentear os outros com os mimos e os crochês dela. Nem ouvir as histórias antigas da família, vividas e superadas. Muito menos algumas reclamações, que no fundo eram ensinamentos e lições para a vida.
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Esse está sendo um dos textos mais difíceis para ser terminado e publicado.
Geralmente, eu fico mesmo um pouco travada para começar. Mas, assim que inicio, vou no embalo e as ideias fluem bem - melhor na escrita do que nas falas e nas ações. Talvez, por todo o processo que envolve o assunto e como eu estava me sentindo em relação a todas as transformações em minha vida... só sentia a vontade/necessidade de falar sobre, sem conseguir desenvolver o texto ou de retomar a escrever qualquer outra coisa que fosse.
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Eu sei como é individual, singular e cultural.
Por mais que tenham sido momentos únicos que vieram após as despedidas, em cada uma delas, eu tive um aprendizado, uma dor diferente, a eterna saudade carregada de boas lembranças e a sensação automática inicial de "o que poderia ser; como eu imaginava que seria lá pra frente".
Nessa última parte, digo automática e inicial porque eu acreditava fortemente que meus avôs, principalmente esses dois, viveriam muito mais. Conseguia visualizar até os momentos em que estariam ao meu lado, comemorando eventos importantes da minha vida, em carne e osso.
Perceberam o quanto de pronomes possessivos usei nesse último parágrafo?
Assim, eu também vejo o egoísmo em tudo isso.
Para quem acredita em vida após a morte, eu ainda sofria pela perda de um ente querido. Até quando estava "preparada" pela aproximação da morte. Acho que faz parte...ter sentimentos😉
Entendo também que muitas vezes é comum chorar, lamuriar e debruçar-se diante do falecido. Talvez por arrependimento, por culpa, por saudade. Quaisquer os motivos e as circunstâncias, a questão principal é o desapego.
Chorar faz bem para a alma; libera e alivia. Dizer adeus pode ser complicado, mas se considerarmos a importância daquela existência, tudo que foi construído por ela, é motivo de celebração! Quanta informação a ser repassada. Quantas memórias a serem honradas.
"(...)a morte é tão somente a transição para outro nível de ser".
Mais algumas considerações sobre o falecimento de um ser querido:
O luto não tem regras, mas exige ser vivido. Se não logo após a morte fisiológica do corpo, após o velório ou após o sepultamento. Pode ser depois de meses. Anos.
E, por mais que eu não sustente a ideia de que deve ter etapas, quando eu relaciono com as cinco fases do luto na psicologia de Elisabeth Kubler-Ross, consigo ver que já passei por algumas delas em algum momento.

Em todos os meus processos, cada experiência vivida foi diferente, com sua devida intensidade, duração e não necessariamente nessa ordem.
Acredito que faz parte permitirmos que o corpo e a mente compreendam essa mudança concreta de perder um ser querido, contando que não prolonguemos os sofrimentos. São muitas lembranças boas para serem relembradas. Também são muitos erros a serem reparados para viver com aqueles que ainda estão conosco.
E assim eu sigo, continuo com o fluxo da vida. Claro, é mais fácil dizer e analisar por fora do que quando estamos passando por tudo isso. Precisamos de sensibilidade para respeitar o nosso luto e o do próximo, cada um com o seu entendimento enquanto lidam com suas despedidas.
Ampliando a ideia desse pesar...
Eu sempre sofri muito com os rompimentos de amizades. Algumas em particular doíam até o meio do ano passado. Eu achava que as vidas das pessoas - principalmente os não familiares - seriam melhor sem mim para atrapalhar ou decepcionar. Então, eis a inevitável consequência.
"Fico com os 50% do que deu certo e do que deu errado na nossa relação".
Bom, o desafio do desapego era minha teimosia de achar que as coisas boas deveriam durar para sempre. E quem disse que não duram? O "para sempre" estão nas experiências valiosas que guardo com carinho dessa pessoa, o que ela marcou em mim e contribuiu para quem eu sou hoje.
Acontece que com alguns só foi até certo ponto também porque nossos caminhos precisavam seguir por direções diferentes e já não estávamos mais na mesma sintonia.
Sabe aquele relacionamento que você sente que não tem mais tanto sentido? Não por falta de comunicação ou tentativa de cultivar. Ele nem precisa chegar num nível tóxico, apenas foi, aos poucos, dando os sinais de que precisava encerrar. E não ter medo de finalizar um ciclo é compreender que há algo maior para o crescimento das duas partes.
Até quando você vai segurar algo que nunca lhe pertenceu e já pede para que sigam à parte?
(Uma dica: ✂, fique apenas com o respeito, a admiração e a consideração saudável)
Grande abraço de luz e amor.
Fique bem!
-fermanabe
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Cada dia eu agradeço mais ainda por ele, pois temos você cheia de Luz.
Cada dia eu vejo que realmente sou uma Mãe maravilhosa e merecedora de ter Você.
Obrigada por ser minha Filha,
Obrigada por lutar pela sua Vida..
Te amooo 🌹💫